domingo, 3 de agosto de 2008

Melancolia


Solidão que me espreita

não me devora

deixe-me ser quem anseia

e nunca chora.



Solidão,

em silêncio,

dê-me o que almejo,

esqueça-te do pão

lembra-te do antigo cortejo

no qual a sofreguidão se cingia de paixão

e a qual hoje caminha a multidão

em raros lampejos de lucidez

atacando a quem acerta a vez.



Não vá,

acompanha-me,

nunca deixes estar.



Em minha mão sempre há

quem leia "verdade"

hoje eu vos digo

está escrito saudade

de quem eu assassino a cada tórrida manhã

para alimentar-te.



Esqueça-te de meus esquecimentos

seja por vos tratar por "vós" ou "tu"

estejas certa,

respeito-te deveras

e por isso sei que sempre te terei

já que faço morrer a cada noite a verdade

e visto o manto da crueldade

para silenciar minha língua que ainda lembra

que eu disse uma vez, à madrugada, "saudade.



Abraão.

Um comentário:

Anônimo disse...

irmao, hoje eu me vi nas tuas palavras.

hoje acho que acordei assim, mas só acho.